quarta-feira, 21 de julho de 2010

_primogênito etílico

E se não me resta amor,
só o abraço da melancolia,
os tristes beijos de dor
da dama que se chama boemia.
E nessa dança de passos trocados
vou sôfrego e carente a descobrir
que os copos todos rotos, esvaziados
refletem o amante que fui e vejo se ir

nas esquinas de uma rua mais vazia
que os copos da estrofe anterior
eu me perco na lembrança sempre fria
de que existe aquele triste que chamo de amor.

O mesmo de que disse 'não me resta'
o mesmo que é matéria pr'escrever
o mesmo que marca os poetas à testa
o mesmo que nos mata sem morrer
E a que me encerra entre amor, medo e fumaça
é essa senhora de dor, risos e paixão;
essa meiga dama, que insisto em dizer, a cachaça
que me roga e me afoga, no fundo do garrafão.

Penso nela nos tropeços que eu dou,
sou carregado por braços que não vi;
percebo então que o destino meu chegou
peço a todos, ''por favor, larguem-me aqui”

''Larguem-me aqui, com a dama que me passa
deixem-me só com a deusa de meus sonhos
pois não vejo outra senhora, mas a cachaça,
que traz luz a meus delírios mais medonhos''

2 comentários:

  1. Espero que não esteja assim tão apegado a ela... Hehe... Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Amei...
    meu querido novo amigo...
    meu "palhaçoeta" preferido...
    heuheuheu
    bjos...

    ResponderExcluir