terça-feira, 20 de abril de 2010

_nubente



Olhos que se fecham retratam, raros.
A saudade aparente de um coração;
Que viveu à sombra de esquecidos
disparos
E, saudoso, chama o nome de sua paixão.

Tiraram-na dele, e ele dela…
Foram embora com seu sopro de vida.
Entornaram água em sua aquarela
E apagaram a quimera nela contida.

E ele não soube o amor
Que ela, em si mesma, sentia.
Pois em toda tristeza e terror
Era por ele que a alma dela ardia.

Mas a levaram, como dito;
E ambos não sorveram romance.
Pois naquele dia maldito,
O amor dos dois teve sequer uma chance.
Hoje, a urgência mostra-se poeta,
Pois fará encontrar ele, com sua menina.
A morte espreita e é vista – secreta.
Pois seu amor foi condenado à guilhotina.

Uma única lágrima implorou
Para o rosto do carrasco pelo amante;
Mas o algoz cruelmente ignorou,
Soltou a lâmina e o homem viu-se errante.

Ela chorou, a morte rápida aconteceu,
E o azul do céu testemunhou a dor…
Mas ela também sorriu quando do cálice sorveu:
o veneno a levaria a seu amor.

Nunca mais separariam o casal;
pois na colina negra se encontraram.
Caminhavam, amantes, à catedral;
num enlace final, os eternos se abraçaram.

3 comentários:

  1. Sabia que és um maravilhoso escritor, mas nao tinha ideia do quanto. Suas palavras saltam da tela do computador e se fazem real. pois é a realidade da vida. minha vida. Parabéns. beiijos

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  2. Isso, mestre! Chegaste no auge do amor romântico! O amor verdadeiro só é plausível numa realidade menos terrena.

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