sexta-feira, 13 de abril de 2012

_com a Fé

O mal de todo poeta é se vitimar
é sofrer pela matéria de sua escrita
amar, amar, amar e sangrar
Chora, o poeta, quand'é só o espelho qu'o fita.


O poeta é o bichinho que espera
corre atrás da carícia que ele dá
sem medida, sem limite, o poeta se esmera
e tanto ama que desaprende a não amar.

um dia o poeta se cansa, pois tudo cansa
mas até que o tédio o corroa e o despreze
o poeta ainda há de amar sua criança
por só querer que por sua alma ela ainda reze.


chora, poeta, toma teu copo e silencia
um dia tudo há de voltar ao que já foi
enquanto andas e escreves, a vida, fria
passa correndo e nem se lembra de dar oi.
e o que mais dói é que poeta sempre quer
aquele riso que daqui a pouco irá embora
o riso belo, a corrente sem elo, a menina mulher
o poeta ama e continua a amar a sua senhora.


mas ela veio, fez sorrir e já se vai
a voz de antes hoje é um mar que se calou
o toque d'outrora, agora se escorre e cai
o poeta nada num rio de quinze ondas que secou...

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