sexta-feira, 13 de abril de 2012
_com a Fé
terça-feira, 10 de abril de 2012
_pare, seR
tece, oh, maldito, o manto macabro da morta
termina a tua obra, pendura na janela;
se não quiser trabalho, pendure ali na porta.
é esta a última roupa que ela vestirá.
este pano há de abraçar a coitadinha
a minha criança, que nunca mais me verá.
e começaram os passos lá na horta.
tremeu, a cama, vi apagar-se a vela
era minha filha, que voltava da tumba, torta.
e toda a casa parecia respirar...
o lar das covas distava quase uma milha:
como tão rápido ela pôde aqui chegar?
venceu o terreno da fazenda num fôlego só
de tanto bater, meu coração parecia farto
vi nas suas mãos o podre e funesto pó.
e sua boca sequer se moveu no momento
tens-me aqui, como a filha bastarda de um rei!
e em sua face, eu vi, impresso, o tormento.
Foi como se o inverno inteiro brotasse em mim.
e naquele eterno, estranho e gélido laço,
o meu abraço com a criança, não via fim.
e entendi todo o meu sonho com pesar
em fato eu que me movera ao cemitério
e o cadáver de minha filha me pus a ninar.
domingo, 1 de abril de 2012
_soneto de possE
sábado, 28 de janeiro de 2012
_nossO
(E eu te peço ‘’vem pra cá
fica mais perto’’
não quero que o lado de lá
leve embora o seu toque certo)
traga, embrulhado, o seu beijo
presente eterno que de ti quero ganhar
deixa-me abrir essa caixa de desejo
olhar lá dentro e me esquecer de respirar
poema estranho, rima corrida
mas é correndo que eu quero você
quero te ver escrevendo minha vida
quero dar tchau pro medo de crescer
vem de mim, para mim e pra nós
vem dos muitos cantos dessa sala
em que ficou presa a nossa voz
e a pena na minha mão é o que fala
isso é nosso, amor, tudo o é.
o que eu escrevo, canto, o que eu grito
seu riso alto aqui é a minha fé
é a presença levando o conflito
termine tudo desde agora e me abrace:
não quero mais ter que deixar o seu olhar
quero seu rosto me encarando nesse enlace
toda você me mostrando o que é voar.