sexta-feira, 11 de novembro de 2011

_quartO

hoje um anjo dormiu em meu regaço
seu respirar embalou o anoitecer
sua voz, tão pouca, fez o coração crescer
e o seu corpo todo foi como um laço.

hoje um anjo disse que me amava
e que pouco amor nunca seria
e o meu tal anjo me beijava e me sorria
e o seu gosto de convite é o que ficava.
conforme a noite foi se avizinhando
meu sonho alado ainda mais dormiu
abraço de mãos sem asas: a dor sumiu
fiquei ali, o sono do anjo velando.

de repente o meu anjo abriu o olhar
e o quarto quase todo em mim girou
quantas idas, quanta vida ali se formou
e os cantos de encanto vieram a mim cativar.

hoje eu só temo que uma coisa aconteça
tremo em pensar que num dia não a veja
a alma grita, a alma escreve, a alma almeja:
o amor do anjo impede que eu pereça.
as palavras, a voz, o beijo e o riso
tudo do anjo é meu e meu apenas
sua dança nos ares, seu abraço de penas
de tudo que é dela é que eu preciso!

e a saudade já me bate assim que despeço
digo e peço ao tempo ''vá, sem demora''
eu peço e imploro, meu anjo ora
em nosso abraço há o pouco e o excesso.
então termino, meu anjo sem asas e céu
pedindo, dizendo, querendo e cantando
os verbos são muitos, mas me pergunto quando
serei eu de ti, sem horas, sem dores e véu.

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