sábado, 28 de maio de 2011

_identidade

Sou, pois, escravo daquilo que me urge;
E quando encaro os ponteiros que fogem no lugar,
É desespero e sede o que em mim surge
E atrás de tudo qu’inda não tive dano a voar.

Eu sou o frio em cujas mãos não há calores.
Sou o dono das vontades que gritam na mente.
No meu abraço, o apaixonado prova das dores
Que só em quimeras sob a terra o poeta sente.

Em minhas posses eu carrego a tormenta
E nos campos onde piso, tudo fenece.
Chamo-me Peste, mas meu canto acalenta
O que deixa de acordar e de tudo se esquece.

Muitas vidas neste globo eu já tive
Inúmeros rostos já assumi e nomes tantos
Que me cobiça o que só uma vida vive
E por mim clama, em todo perdido canto.

Mas a trova dura enquanto o bardo respira
E se o barco que se avizinha é de quem penso
Eis que chega com ele o fim do canto e da lira.
Nascerei de novo, em pranto muito maior... imenso.

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