Não, não sou um sujeito amável
sou aquele que ignora os pedintes
passo à rua com olhar bem detestável,
a indiferença é o maior dos meus requintes.
Se me dirigem a palavra, quando ouço
assumo ar de quem finge não entender;
olhar no chão, mãos metidas no bolso:
'é comigo?' - penso – 'vai saber...'.
E assim corro de largo em pleno passo
em minha estima eu percebo não haver
motivo claro p'ra em mim haver espaço
para sorrisos, bons humor ou parecer.
A questão é que quando estou sozinho
e começo a conversar comigo apenas
sou muito mais feliz e, com carinho
reconheço ser o melhor dentre centenas.
Faça o favor de não tentar me provar
qu'é melhor ou necessário ter alguém
minha paisagem é bem melhor de se estar
quando os amigos e companheiros são ninguém.
Até porque, prefiro em muito o abraço
que me envolva no orgulho dum conselho
é mais bem vindo o contato que eu traço
é mais bem quisto o abraço do espelho.