sexta-feira, 12 de agosto de 2011

_espontâneo

E o que fazer se a tua vontade é morte
mas tudo o que a essência quer é vida?
O que intentar se o externo parece forte
se aparenta não valer a pena a ida?!
Mas eu bem sei que o caminho é de sangue
entendo bem que mui estreita é a porta
E se nego o que me ofereces, não se zangue
É que a moldura, do lado daí, parece torta.

Experimente olhar do meu lado do espelho
encare a morte donde a vida se inicia.
eis a estaca no chão, o firme artelho
eternidade é o que a estaca propicia.
não, não caia onde outros já tombaram
seja o sangue deles triste aviso:
''Aqui odiamos onde tantos outros amaram
aqui o nosso sangue untou o piso..."

e no fim da caminhada há uma nação
lá o ouro pinta o piso e cobre as ruas...
etnia sem tribo, rosto ou nomeação
noites de risos e de nuncas vistas luas.
lá o fim nunca experimenta início
lá o sedento bebe d'água que não finda;
braços erguidos ao Eterno é o ofício
deste povo que cantava e canta ainda.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

_justo

mente e razão, mente, coração!
sente a semente que brota sem fim;
repete o repente, refaz o refrão
dê um trato no quarto, vem morar em mim.

sai da lembrança do que não viveu
escreva comigo nossas letras 'stórias
levo a você o que ainda não leu
escrevo e vou ser nossas belas memórias
o tanto que separa o que tive do que não
os anos entre o primeiro 'oi' e um adeus
retornam como a chuva que nasce do chão
pra logo depois cair da morada de Deus.

e como quero te escrever coisas não lidas
como quero fazer conhecidos os segredos
quero escrever, beber e ouvir o som de vidas
quero dizer o que há na mente, longe dos medos.

és a porta para a paz tão procurada
és as linhas qu'inda quero saber de cor.
olho atrás e vejo tão percorrida estrada,
só que à frente repousa um caminho ainda maior.
mas que não viva o poeta só de sonhar
que não esteja o conforto dele só na escrita
queira o fiho aquilo qu'o Pai desejar,
pois quando o corpo silencia, a alma grita.

e termina a confissão justificada
caverna onde o poeta ergueu seu canto.
eis aqui sua alma em fogo grafada
eis o poeta, que em vergonhas se fecha em seu manto.


p.s.: àquela que eu conheci duas vezes e com quem, hoje, divido a mesma fé e a mesma segunda voz nas músicas!