Este poema é em homenagem àquele que nunca conseguirei alcançar; em perfeição, honestidade e caráter, ser como ele é meu alvo. Meu pai se foi, fica entre nós a saudade e tudo o que ele trouxe de melhor. Vai em paz, meu amigo, meu pai, meu espelho, meu Simplicio.
o poeta chora a morte da raiz
o hoje dele é nublado e sem cor.
É impossível sequer pensar em ser feliz
pois é na campa que jaz o alvo do meu amor.
pai, é uma pena tudo o que não fiz
todos os risos que eu pude te dar e não dei.
é com o meu choro que eu sei o quanto eu quis
ter de volta todo o tempo que não terei.
e cada dia que agora vier, será de pranto,
assim como cada passo que eu ofertar.
serão pra ti os meus versos, o meu canto,
como foi meu o teu abraço, o teu amar.
nada tenho de que possa dizer 'é meu'
tudo o que abraço tem escrito o seu nome
todos os bens não se comparam ao que ocorreu
e nas lembranças, teu rosto lentamente some.
e recordando o último dia acordado
também lembro o que de coração pedi
'volta logo hein' falei ao lado
do meu pai, que acordado não mais vi.
e aqui, onde o começo se veste de fim
trago o adeus, o choro e a saudade
hoje vai embora a completa metade de mim
vai junto contigo toda a minha felicidade.