És a que me faz nadar em medo e pavor
Em todo o tempo em que o riso ameaça ir.
Mas é nas horas de seus gritos, brigas e dor
Que eu sei ser eu o que te faz, também, sorrir.
É de um mundo que não chamo mais de meu
E o meu canto é sempre e tanto à mesma voz:
''eis, vem vindo, que o amor, que esperei, aconteceu
Eu e tu se mesclam tanto que me visto de nós”
Sim, eu temo, temo muito, temo o indício
De ver outros pés no caminho que traçamos:
Sonho você lá no meu fim, como no início
E o seu sim presente em mim, passados os anos.
Se o mês ou o mais passa e assim nem vejo
É porque tenho quem me separe do perigo,
É porque tenho quem leve consigo o meu desejo
De ver em rosto, além do meu, o próprio abrigo.
É como um ritmo sem regras, mão sem luva
Transe que vem sem que ao menos seja visto;
É como beber, em liberdades, d’água da chuva:
Te ter em mim é o final esperado e bem quisto.