quarta-feira, 27 de outubro de 2010

_nathal

Às vezes minto, às vezes manto

Há vezes em que sinto e tanto

É o preço do porvir e do viver

Que sei o que é cair sem ter você

Acordo em mim a cor do pesar

Sei bem eu a tensão e a atenção

De te ter à mente, felizmente no coração

Te ter de cor, decorando meu ver e falar.


Peço se posso te ter enquanto quiser

És a peça e nessa nossa atuação

A tua ação, bem como a minha, mulher

É nua de tons, é tua de sons, plural de paixão.

Sou o palhaço em cujo rosto há piadas

E meu olhar esconde o choro do não ver;

Enquanto houver teus pés em minhas calçadas

Haverá risos e rimas bobas a escrever.


Quero a metade, a cor da tarde com sua voz

Quero os verbos em uma pessoa conjugados:

Eu não sonho, tu não sonhas, sonhamos nós!

E os nossos nós são fios d’ouro, estrelaçados.

sábado, 2 de outubro de 2010

_bordéis

Este é um grito mudo e calado

Àquelas todas em quem eu me perdi.

Confissão de um afeto, assim, velado

Eis que desisto dos amores que ergui.


Não é que não as tenha amado

Tampouco que amor não recebi.

Mas cada riso vivido e abraço dado

Hoje é em vão que soa no ouvir.


Perdi o jeito, o tempo, ou a rima

É com poetas que este sono ocorre.

Gritos de antes, tão belos lá de cima

Não mais ouço, pouco ligo se a alma morre.

O que fui em cada uma quero longe

Os ‘eus’ plurais que descobri, fiquem com elas

Tranquei-me em mim, com a cura d’um monge

Prefiro as vidas alimentadas dentro das celas.


E não me venham cobrar que eu volte a ser

Todo de risos, pois hoje nado em lago medonho;

O sonhador que aqui havia eu vi morrer

Em cada abraço e cada amor vivido em sonho.