quarta-feira, 29 de setembro de 2010

_essência

Meu interior se agita.

E, nesse encanto, me confessa;

Que aquele que em mim habita

não se entende, e eu me esvaio, peça a peça.


À noite entrego meu grito

E só ela me ouve realmente.

Imperfeito? Sou esse ser, admito;

Mas imperfeito é ser perfeito na minha mente.


Então, assopro a vela oscilante;

E faço valer toda sua chama.

Queimo no brando fogo a todo instante.

E ouço meu nome, que esse mesmo fogo clama.

Busco as, sem nome, estradas;

E me perco na mui vasta imensidão,

De cada abraço e das muitas mãos geladas,

Dos que não vejo e nem sei dizer quem são.


São poucos os momentos de lucidez

Quando as vozes se me vão numa levada.

Também é parco o que tenho vez em vez:

Aquela horrível sensação d’alma calada.


Reviro os olhos tentando achar o chão:

Sei que os pés tocam solo nunca visto

Mas a procura soa como se em vão,

Já que nada vejo, quanto mais ver eu insisto.


Tudo silencia, derretem as paredes:

Há outro quarto e mais outro por detrás.

Um mundo abraça o outro pelas redes,

liberdade é sonho que passa, delírio fugaz.